23.12.07

Antes que o ano [ou o mundo] chegue ao fim


Como diria um filósofa, muito minha conhecida, 2007 não foi um ano nada fácil. Mas, de outro lado, le foi incrivelmente rápido. Claro: um monte de coisas aconteceram, outras tantas ficaram por acontecer. Resumo da ópera: uma sensação estranha de incompletude e de rapidez incomensurável. Se fosse possível fazer uma boa contabilidade deste ano, começaria como os meus amigos queridos de RENT, contando o ano em coisas possíveis de delimitar. Contaria em 525.600 minutos. Infelizmente, em poucas xícaras de café, tendo em vista que tive de rareá-las. Contaria o ano em ressacas, pelo menos duas, das grandes. Contaria em sei lá quantas noites mal dormidas “de abr em bar, de mesa em mesa”, com Adeilma de lado e correndo atrás de uma possibilidade a que eu chamava de felicidade. Contaria, também, em quilômetros entre João Pessoa e Campina, depois de que passei no concurso. Quem sabe, também, em idas ao Savoir. Todas elas em busca de mim mesmo, de outrem ou com personagens distintos. Contaria em filmes vistos e em poucas idas ao cinema no ano todo. Contaria em pessoas incríveis que conheci: três. Duas que eu beijei na boca. Pasmem. Contaria até mesmo em decepção e traição: uma de cada. Em dias de medo, também. Claro. Muitos.

Conto 2007, em idas ao Mangai, com Adeilma no fim de 2006, com Analice, em cafés da manhã. Com Val, umas duas vezes. Em idas à casa de Valéria: inúmeras, com café bem passado, garrafas de vinhos e arroz gostoso. Duas rabadas bem gostosas, essas também Adeilma acompanhou. Comemos muito esse ano. Será que é por isso que meu estômago dói?! Conto em amigos perdidos: um. Em amigos adquiridos: um também. Conto em amores: um – de endoidar! De quase sair correndo... quase mesmo: cheguei a calçar os tênis e a fazer o aquecimento. Redescobri a amizade em seus sentidos plenos: aquela que silencia e simplesmente acompanha em Analice. Sem julgar. Sem proferir uma palavra fora do lugar, nunca. Perfeita. Descobri que a gente, de outro lado, tem que calar a boca e não confiar em todo mundo. Conto em duas vindas de Janaína à Paraíba no mesmo ano. Fato inédito.

Conto em espetáculos maravilhosos que vi: dois. Em um meu que re-estreou: um.

Adeilma, companheira mais constante deste ano, esteve quase sempre presente – quase nos 525.600 minutos – e ela, também, contou o ano em dias de sem... Comemoramos, às avessas, uma comemoração em que nada se comemorava. Lygia em vezes, contadas, em que nos vimos: poucas, não sei precisar, mas sei que cabem nas duas mãos. Conto em ancestralidades conhecidas e re-conhecidas. Em uma festa memorável na Praça da Alegria. Giovanni, talvez, contasse o ano em 13 dias. Eu conto o ano em 525.600 minutos de amor – aquele que senti, o que não vivi, e o que desejei viver e que tentei viver.

Beijosmeliga!

2 Comments:

Blogger Diógenes Maciel said...

ana, a minha alice... me remeteu isto, por email:

"o que me faz perder o medo da solidão, dio, é saber que na amizade sincera e plena a gente encontra um grande exercício do amor: desinteressado [com os melhores interesses do mundo]; livre [com tantas palavras de ordem: 'você não quer ser feliz!!' lembra?]; sem compromisso de horário [porque o momento é aquele que é, sempre, o melhor pros dois]; intenso [e com uma leveza nos risos e nas gargalhadas pras nossas próprias desgraças]. tudo assim, nesse paradoxo necessário, humano e, por isso mesmo, nada estranho.

12:24 AM  
Blogger Unknown said...

Dio, eu conto 2007 com a surpresa de viajar sozinha pra cá, duas vezes, em busca de mim mesma, nos seus olhos, nos de Analice, nos de Adeilma. Com a possibilidade de reencontrar em todas aquelas conversas e silêncios, moídos e remoídos tantas vezes, um pouco de nós. Aqui, recompondo-me em tempo e espaço, reconstituo aquele lugar q vc me reserva, tão generoso, à mesa, no carro do teu lado, na sala de Ana, na roda com os meninos, na tua vida. Te amo.

12:11 PM  

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