11.10.06

Curitiba, desde sábado

Meu povo, estava escrevendo um montão. Já tinha quase três parágrafos prontos e, por razões ocultas, esta porra de computador deu 'um trem' fazendo-me perder tudo o que já estava escrito. Que ódio! Tava tão lindo! Mas, vou ver se consigo re-estabelecer...

Queridos todos e todas,

Cheguei aqui em Curitiba no sábado, depois de encarar um puta atraso de quase três horas, visto que tanto no Rio quanto em Sampa as condições climáticas não eram das melhores – havia muita chuva ou neblina, respectivamente. Mas, enfim, cheguei. Confesso que, apesar do cansaço decorrente da viagem, não foi nada de muito anormal – também, eu já tava completamente detonado por conta da semana de cão que eu tive e daí dormi bastante naquela lata de sardinha que costumam chamar de avião. Cris foi me pegar no aeroporto. [Ela tem sido muito bacana, sempre solicita e atenciosa, apesar da sua rotina bem corrida por estas bandas. Mas, como tive a sorte de chegar num sábado, a gente teve tempo de conversar bastante e de andar de um lado para o outro, enquanto ela me mostrava a cidade, os lugares e as pessoas.]

A cidade é, óbvio, muito diferente de Jampa. Seja pelo clima, que está frio – não muito, mas frio, afinal, uns 12 à noite, pra nós das praias quentes do Nordeste, é, sim, frio [esse quadro mudou e de terça para a quarta, os dias têm sido mais agradáveis, mas dizer q está quente talvez seja exagero, por exemplo, agora, enquanto escrevo, estou de calça, camiseta e suéter! Mas, não está frio incomodo, entendem?]– e impõe um outro tipo de figurino e gera uma paisagem peculiar e, conseqüentemente, hábitos bem diferentes nas pessoas, que caminhas nos parques e ficam jacareando ao sol nos gramados. O traçado urbano também é bem diferente. A arquitetura, então, nem se fala. Tudo muito diferente, tudo muito primeiro mundo... e como tenho dito pra Cris, tudo muito estranho. Estranho mesmo. Mas, afinal, bonito. Muita gente alta e bonita, como se todos tivesse tomado bastante vitamina e comido cenoura quando eram crianças.

Aqui perto da casa tem um bosque chamado Bosque Alemão. Um lugar lindo. Lembrei muito de Lygia por conta de um detalhe que ela acharia 'muito fofo' – nas trilhas há indicações em placas que vão contando a estória de João e Maria e levam à casa da bruxa, na realidade, uma biblioteca infantil, no meio daquele bosque, onde as crianças são recebidas por uma bruxinha que conta estórias.. né meigo? -- Enfim, tem um mirante bem lindo e, lá perto, um café com toda sorte de bolos, tortas, doces, massas folheadas... putz! Lembro muito dos meus queridos todos e todas e queria vocês aqui comigo pra gente olhar a vida e descobrir a beleza dessas pequenas coisas como Alberto Caeiro. Certamente, nos sentaríamos ali e falaríamos muito da vida alheia, da gente mesmo, falaríamos de filme e de música e, quem sabe, ficaríamos em silêncio, apenas olhando e achando tudo muito bonito... ai ai!

No domingo, a gente saiu pra almoçar. Minha gente, como assim? O restaurante era quase do tamanho da praça da alimentação do Manaíra e o estacionamento era, com certeza, igual ou maior do que o do Shopping Sul. Uma loucura e, pasmem, ainda esperamos quase 15 min. na fila! Surreal, como tenho sempre definido as coisas por aqui. Passeamos nuam feirinha no Centro, em que se vende de tudo e é um espaço bem legal, com muita gente na rua, todos andando de um lado pro outro e música sendo tocada por artistas de rua, malabaristas, enfim, essas coisas da vida boêmia! Logo mais, á noite, ali pelas 1 horas já, acabamos parando no café chamado Babilônia. O lugar é massa, muito legal. Outro espaço que adoraríamos ir juntos! Tudo muito bonito e muito bacana, agradável mesmo... aqueles lugares que, infelizmente, não temos e que são o máximo por um simples detalhe – eles são 24 horas! Ô maravilha! E viva la vie Boheme!

“[Angel, cinicamente] Who died?
-- [Benny, realmente, sentido] Our Akita.
-- [Collins e Roger, se entreolham] Evita?!”
-- piada só para quem entende!
É justamente isso que estou escutando enquanto lhes escrevo estas mal traçadas linhas...

Enfim, ontem comecei meu curso lá na UTFPR. A turma é boa! Acho que vai ser bem legal!

[Quarta-feira: O curso continua indo muito bem. Eles adoram o nosso jeito de ser nordestino. Explico; acho que não é só por conta do pitoresco do sotaque ou das radicais diferenças regionais. Ontem mesmo, conversando com alguns dos alunos, eles me falavam que parece que nós não ficamos deslumbrados com a titulação e, de repente, eles se espantam com nossa postura em sala de aula e diante do conhecimento. Eu, de minha parte, acho isso um barato. Enfim, de toda sorte é muito engraçado está falando de cultura popular e de danças dramáticas para um universo que é completamente oposto a esse. Os meus exemplos de bumbas, naus, lapinhas são todos completamente alienígenas... é muito engraçado e, ao mesmo empo, meio trágico. Como não nos conhecemos neste país! Acho que a gente tem mais é que chorar bem muito, pois, dessa maneira, as coisas vão estar sempre pretas e a divisão meridional norte-sul continuará, sempre, sendo uma realidade...]

Um abraço pra vocês todos e todas,
tô morrendo de saudade!