12.2.07

segunda

saí de casa em pleno sol. muito cansaço. uma vontade de fazer nada, um concurso me azucrinando a cabeça. o carnaval está batendo em minha porta e eu não tenho nenhuma vontade de deixar ele entrar... não: queria que ele corresse mundo e fosse para bem longe de mim. fui ao cinema e assiti BABEl -- filme lindo, nada de extraordinário, mas, ao mesmo tempo, extraordinariamente lindo. passei boa parte do filme pensando em como algumas da pessoas mais minhas queridas iriam receber esse filme. um filme que fala de diversidade étnica e cultural [assunto meio lugar-comum, hj, em dias tão politicamente corretíssimos], de diversidade de visões de mundo, de diversidade de mundos, dividos pelas diferenças de cor, de costumes, de maneiras de amar e de línguas. tudo, aparentemente, gira em torno do casal de americanos em viagem para o marrocos, uma viagem que parece ser urgente para reconstruir a vida deles -- Cate Balnchet e Brad Pitt em atuações discretas, mas extremamente corretas, de uma mulher preocupada com detalhes mínimos e que se verá em estado de emergência em meio ao nada, e de um homem, triste, acabrunhado e que redescobrirá, na dor e na perda, não só o amor como também a si mesmo. acompanhamos o silêncio e a tristeza da garota japonesa que não consegue mediar sua relação com o mundo pela linguagem oral -- sentindo-se só, diferente, monstra, e que, na busca desenfreada e desesperada, por si mesma, acaba sempre esbarrando no mundo de silêncios em que ela vive -- um silêncio muito mais profundo que aquele das palavras. vemos o universo árido e seco da família de marroquinos que cruza o caminho entre os EUA e o Japão, em crianças tão ásperas quanto aquele deserto ensolarado por onde passa o ônibus de turistas e a vida que teima em se manter viva. do outro lado do mundo, outras crianças, são expostas a um mundo real pela babá, não por maldade, mas, justamente, por sua bondade infinita que a punirá severamente, marcada que ela é pela sua condição de migrante...
saí do cinema mexido. mexida está a minha vida, é claro. muito...

3 Comments:

Anonymous Anônimo said...

se, baby, estamos tão alone e vamos pra babel (ao invés da babylon), ficamos, se não mais alone, chacoalhados. porque nos lembram que sempre vai haver solidões e formas de sofrer tão (qualquer coisa) quanto a nossa.

e tou de um jeito que "qualquer maneira de amor vale a pena/ vale amar" é lema e solução para todos os problemas, silêncios ou gritos.

obrigada pela tarde e pelas palavras e silêncios.

2:43 PM  
Anonymous Anônimo said...

agora eu desembestei:
cada coisim desse tem um comment.
xero

2:52 PM  
Blogger Adeilma said...

As terras do deserto do Arizona(?) ocupado pela dor de ser latina,latindo por socorro!não,não tenho mais nada a dizer!

11:15 AM  

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