18.7.08

---

só pra não esquecer de anotar:

terça: pret-a-porter [coletanea]

quarta: espetaculo maravilhoso de antonio nobrega -- passos

quinta -- amargo sciliano, com o grupo tapa -- aula! aula de teatro!

15.7.08

afogados trash down

antunes filho já revolucionou nossa cena teatral de muitas maneiras. a primeira delas foi quando em 1964, com Vereda da Salvação, ele trouxe um texto incomodo para aquele contexto pós-6 para os palcos do TBC, coma tores descalços, gritando, mal-vestidos... depois ele instaurou um novo momento de nossa cena, já no CPT, com a adaptação da rapsódia Macunaíma, para os palcos e criou não só um movimento quanto balizas estéticas que, até hoje, são buscadas por aqueles que, como eu, tem saudades do que não viram... depois, foi a vez de ele trabalhar com o universo daquele autor que, de muitas maneiras, também marca a nossa cena teatral. caso de Nelson Rodrigues. Seja Paraíso Zona Norte, seja Nelson 2 Rodrigues, Antunes estabaleceu uma maneira de ler cenicamente a obra deste dramaturgo no palco.
nunca tinha visto antunes com nelson. fui ver senhora dos afogados. vantagem; é um dos emus textos preferido daquele dramaturgo. a fáula que remete ao mito dos atridas, notadamente, a ultima parte, que tangecia Orestes e Electra. Sendo que o caminho de Nelson é facilitado pela ajuda de Eugene O'Neil que, em sua Electra Enlutada, deu todas as chaves para a atualziação do mito. ok. até ai tudo bem: um autor, um tema meio que recorrente, os cliches de traição-amor-morte. nada que cause muito espanto. espanto mesmo é a encenação de antunes. pra mim definida em apenas uma palavra -- aula. simples assim. como por nelson no palco? junte um elenco de muitos atores, construa um coro de vizinhos, ao invés de vizinhas, o que já dá um belo contraponto. ara o palco inteiro, limpo, não se preocupe com luz, alías, até se preocupe, pois tudo é pensado, mas só utilize no mínimo e pra o sentido máximo e consiga tudo o que vc quiser. vista oas atores com um figurino, simples e, para mim, surpreendente. [duilio me disse q é o mesmo principio dos figurinmos das encenações em que antunes trabalhava com serroni, mas, enfim -- isso só marca pra mim o eterno retorno mesmo] -- todo mundo de preto, afinal, o cenário da fabula é de morte, salvo o filho mais novo, que usa branco, como as cadeiras que são o unico elemento cenografico, combinadas ao piano, em cena. cadeiras brancas para o coro, cadeiras de madeira, duas, para a familia. e brinque-se com issom, de todos os jeitos e formas. o elenco, mesmo que desnivelado, tem grandes atuações -- a moça que faz moema é maravilhosa, o ator que faz misael [que tb fizera quaderna] está nada além de impecavel. a atriz que faz eduarda pra mim é muito boa... e acho poderia destacar mais um tanto, mas pode ser outro tanto de exagero. vou destacar os pontos mais impressionante.
o uso do coro, como nas fotos e imagens de antunes, sempre cruzando o palco, de cochia a cochia. de forma magnífica, torna-se ainda mais impactante com a entrada das prostitutas, avançada a ação, trajadas de uma forma louquíssima cantada em voz irritantemente aguda, em contraponto ao registro bastante grave dos outros personagens. achei que enlouquecia. fiquei louco. muito, muito interessante. interessante, nada. escandaloso. pronto. tres prostitutas, assanhadíssimas [e lembrava de del -- ai um tratamentod e choque!], com roupas esmulambadas, de seios e sexos de fora, cruzam a cena e nos desafiam, assim como dona Eduarda, enquanto re-memoram a puta assassinada do passado. incrivel.
outra coisa bastante rica é o uso da escala de preto e branco, no desenvolvimento do pathos. enquanto o luto marca um mal-estar das personagens e, ao mesmo tempo, uma relação com o universo da morte, a morte mesmo, aquela relacionada ao universo da água ou a morte reparadora ou instauradora da mácula, é representada pelo branco. então, se na cena inicial, enquanto moema dedilha o piano, duas menias correm de ranco ao fundo do palco, remetendo as duas irmas mortas-assassinadas em noem do amor pelo pai; ao entrar o filho mais novo de branco ele representa tanto a morte da mae, como de seu amante [também de branco, marcado pela morte da prostituta] e inverte-se apra o preto do luto ao termino, como também o preto de moema que se converte em ranco apos a morte de dona eduarda. e´incrivel. é antunes.
achando pouco, no domingo, fomos ao galpão do folias, ver o espetaculo "cabaré da santa". construido em torno da chegada da familia real portuguesa em 1808, o folias me deixa completamente tonto ao combinar show de cabaré, inclusive podendo o publico sentar em mesas, comer, beber e fumar durante o espetaculo, com uma forma que transita entre a revista e o teatrod e agit-prop, de maneira incrivel. se o tema empurra tudo aos níveis corporeos, o meio verbal nos lnça numa direção materialista, em que tudo é problematizado. é incrível e, sobre isso, de repente, falo mais depois...
ps: saudades de vcs. saudades de conversar. certo rancor de certos silencios.

13.7.08

pela janela do carro: quem é ela?

viagem cansativa. achava que nunca mais ia chegar aqui. atraso maior do que a vida em recife. depois ficar dentro do avião horas. chegar, pegar mala, tomar taxi. cheguei muito cansado. no outro dia, parecia que não havia dormido e que o tempo tinha, simplesmente, sofrido uma elipse. cansadíssimo. levantamos ali pelas dez. tomamos café e rua. correr pro sesc. comprar os ingressos pro prêt-a-porter 9 e para senhora dos afogados. depois, paulista. lojas, ver tudo o que o dinheiro pode comprar. a minha loucura instaurada pela gaveta da compact blue. minha vontade de comprar tudo. a racionalidade que impede. almoço. outra andada.
eventos surreais. primeiro: encontro com maria silvia betti em plena paulista. contextualizado, nada demais, mesmo sendo. conversa. dicas. surreal: encontro com marcel vieira. o mundo é muito pequeno e bastante organizado. impressionei-me. encontra alguém no meio do centro do mundo. é... é a vida.
noite. ir ao sesc e ver dois trabalhos marcados por antunes numa mesma noite. o prêt-a-porter é um exercício. interessante. são três quadros. gosto mais do segundo e do terceiro. achei o primeiro ruim. o segundo é o mais rico e equilibrado. duas mulheres convivem em um apartamento minusculo, com pouco dinheio, com pouco espaço, com pouca vida, até. têm que se suportar. tomam a sopa e conversam sobre o dia a dia. a mais velha não gosta de sair. não gosta de cumprimentar os vizinhos no elevador. a espeança é pela réstia de sol. que, em um dado momento do dia, invade a sala. por uma, também, minúscula janela. a janelas diminuiram nas construções para que as pessoas não se matem. assim, explicam, também o sol entra menos e, sem processar, a vitamina D, ficam mais deprimidas. e esperam a vidar passar. e esperam a morte. o final é interessantíssimo. ao som da tv, num show de artistas que passa no programa silvio santos, escutam uma musica melancólica. o ultimo quadro mostra uma prostituta que convive com um fugitivo. a estória é simples, baseada em sonhos de uma vida melhor. mas, a atriz me surpreende plenamente. seu trabalho é fantastico. uma prostituta, bêbada, meio drogada, mas, num ponto de tensão, entre melancolia, tristeza, dor de viver.
o tempo tá acabando... depois, vou escrever sobre a senhora dos afogados.. é um monto todo. adianto: aula sobre como fazer Nelson. Maravilha. Nada além disso.

9.7.08

fortune favors the brave

Faz um bom tempo que eu não venho escrever por aqui. Nestes dias tenho pensando muito sobre o amor e suas desmedidas. Notadamente, sobre as que já cometi. E sobre as que tenho acompanhado ao meu derredor. Amor é uma coisas estranha, mas infinitamente boa. Faz sofrer e dói, até. Mas, é muito bom... tão bom que é ruim... e um dia... infelizmente, acaba. Depois falo mais...