28.9.06

O MARINHEIRO [não o de F.P., mas o meu!] ou Variações em torno de um desenho em CorelDraw

Conta por aí que, às vezes, marinheiros-náufragos vão aportar numa ilha onde precisam esperar, esperar, esperar... mas, por quem?
Pela esperança -- que, espera-se, chega engarrafada, silenciosa e matreira -- e que pode, inclusive, nem chegar --
Enquanto isso, para sobreviver, eles constroem castelos de areia e vidas dentro destes castelos na areia. Nomes, ruas, logradouros. Habitados e desabitados. Assim, quem sabe, eles esqueçam deles mesmo e, na melhor das hipóteses, da solidão.
E, esquecendo, também esqueçam de encontrar a garrafa-náufraga que, encalhada na areia, pode chegar e lá ficar esquecida...

27.9.06

Clarice... lembrando de mim, de ti, de outrem

"Depois de uma tarde em que eu sou eu
e de acordar a uma da madrugada em desespero
eis que as tres da madrugada eu acordei e me encontrei
simplesmente isso; eu me encotrei
é lindo, é vasto, vai durar

Eu sei mais ou menos o que eu vou fazer em seguida
mas, por enquanto, olhas para mim e me ama
não, tu olhas para ti e te amas, é o que está certo"

(Clarice Lispector)

para o fundo...

Joe olhou para Norma do fundo da piscina, seus olhos pareciam pedir ajuda, pareciam implorar para que ela tirasse-lhe daquele universo em H2O... Norma, 'great star', quase pensou em ir até lá, mas, entendeu que, talvez, se ela lhe estendesse a mão, ele a puxaria para a água junto com ele... e isso era última coisa que ela queria... ela não queria encontrar o macaquinho de novo...
Olha-o, com ternura.
Como olhava para o macaquinho morto. E o deixa, ali, entregue ao seu aquático jazigo. Aquele é o seu lugar.
Norma não é cruel -- ela só não quer mais a falsa magia -- ela quer realismo, mesmo que em luzes e em conversas de corredor...Chega de falsidade. Chega daquilo que só promete e não o é. Agora, a estrela vai em busca da magia na dura realidade do dia-a-dia. Em busca da possibilidade de ser aquele que era e já não o é. Ela sabe de todos os perigos, pois, ela conhece todos os passos, caminhos, encruzilhadas dessa estrada, mas, [quem sabe?] ela não encontra, talvez aqui, talvez acolá um pouquinho, bem pouquinho mesmo de felicidade...?
Nem que seja Clandestina!

25.9.06

Luas

São 23:53. Zizi Possi canta no meu ouvido... fazer o que?


Melodia Sentimental
[Dora Vasconcelos/Villa Lobos]

Acorda, vem ver a lua
que dorme na noite escura
que surge tão bela e branca
derramando doçura

Clara chama silente,
ardendo o meu sonhar!

As asas da noite que surgem
e correm o espaço profundo...
ô, doce amada, desperta!
vem dar teu calor ao luar

Quisera saber-te minha
na hora serena e calma
a sombra confia ao vento
o limite da espera

Quando dentro da noite
reclama teu amor

Acorda, vem olhar a lua
Que brilha na noite escura!
Querida, é linda e meiga
sentir meu amor e sonhar

Picos!

Cheguei em casa. Lembro da fala de Dorothy 'Não há lugar melhor que o nosso lar!'... A viagem, a da ida e da volta, foi muito cansativa: é muito chão, muito asfalto, chega a dar vertigem de tanta terra pra correr. Picos me espantou -- uma cidade onde o calor é tão insuportável que é melhor andar com a janela do carro fechada [alguém consegue compreender isso? eu tb não!] e onde os urubus são animais que circulam por ali, deselegantemente, de um lado pro outro, caminhandoe cantando e seguindo o curso da sujeira... um verdadeiro horror!
... teria [out enho] muito a dizer, mas as palavras, navegáveis como me ensinou Lúcio Lins, parecem um mar revolto, enquanto eu, lá do fundo do mar da minha própria vida, fico olhando elas pairando no espalho d'água... falar não é sempre assim, mas, hoje, fico pensando na linguagem e em suas máscaras, na linguagem e nas suas mágoas, na linguagem e nas suas máculas...
... melhor não falar. aprendizado, mesmo, é calar!

12.9.06

Lygia


Pois bem – já que Lygia é uma das leitoras e comentadoras mais regulares, este post vai pra ela.

Cheguei. O vôo atrasou pra burro. Depois as malas atrasaram quase uma hora. Parecia impossível, mas estava acontecendo. São 04:30h e só agora, depois de conversar com o povo de casa, de comer e de começar a ver cãs coisas que trouxe comigo. Trouxe na mala um CD que era uma verdadeira obsessão – KING DAVID, de Alan Menken e Tim Rice, um concerto especial feito na Broadway – raríssimo e quase impossível de encontrar, mesmo nos Estados Unidos. Sabia que havia lá na Compact Blue, havia visto em 2003, e ele ainda continuava lá me esperando. A Compact Blue é o Paraíso. Tudo o que vc procura encontra lá – minha vontade foi gastar todo o resto do meu dinheiro lá, comprar um monte de Cast Álbuns, de todos os musicais que amo, mas tinha que me controlar.. comprar CD importado que custa 100,00 é foda! [isso quando é duplo] Mas, vou comprando aos poucos, aos poucos a gente nem nota! Mas, por exemplo, só pra vc surtar – lá, assim, como se nada fosse RENT [trilha sonora], em duas versões duplo e highligths – tem noção? Affe!

Fui ao Fran’s. Mas não um dos bairros, que são os mais poéticos, apenas naquele que há na FNAC – mas, como não poderia ser diferente, houve um momento bem interessante – bati um papo curto com a funcionaria do balcão... foi legal e bem Diógenes. Sem poesia na paulista ou nas ruas de Sampa... tudo muito cotidiano... quer dizer – a poesia estava nas pessoas e pessoas ao redor, em todos e todas, nos maridos e maridas... quer mais poesia!?

Infelizmente – sem vans, sem convites! Essa é minha vida! Volto ao cotidiano que não é como no teatro, como já disse dia desses a Daniel: no teatro, pelo menos quando sou dramaturgo, mando no destino. Na minha vida sou um títere do Destino.

Inté.

Trouxe-te um lembrancinha. Espero que goste. Assim que possível, te entrego e comento em detalhes as peças, ok? Prometo! Tonta: balcão é, sei lá, o primeiro andar, não são camarotes pois ficam no fundão. Mas é um bom lugar!

Os: comprei a edição remasterizada de DRAMA 3º. Ato e de A CENA MUDA, da Betha. Minha vontade era comprar tudo! Saiu tudo remasterizado! Estou ouvindo agora. Tudo pessoa!

11.9.06

Estou indo de volta pra casa

O fantasma. Vi ontem.

O teatro abril é sem comentários. Putz! Que lugar incrível. Pra variar, a minha pobreza de Jó só me permite ficar no balcão. Mas, deu tudo certo. bom lugar, só naum via a expressão facial, em detalhe, dois atores. O som ontem não estava tão perfeito. Achei o microfone de Raul meio ruim. O fantasma de ontem er ao substituto: ótimo cantor, mas a voz era muito jovial.. sei lá, deve ser a influencia do tom mais grave do Fantasma do filme ou de Michael Crawford. Enfim, mas tudo lindo. È verdade que, em alguns momentos, a mise-en-cene soava mais oitenta do que o necessário -- acho que ja ta na hora de se fazer uma revisão -- mas, por isso mesmo, sova meio opereta, meio magica e dava a tudo um certo charme...
Mesmo que o libretto e a orquestração do Fantasma não sejam as minhas favoritas, ainda assim é, simplesmente, impossível ignorar o quanto certas musicas e momentos são emocionantes. Mesmo para mim que prefiro os musicais mais rock...
Pode ser que vcs estejam achando que eu não gostei, mas não -- eu gostei sim, muito. Mas é que estou sempre analisando criticamente, com olhos de quem tem quase sempre visto um teatro mais conceitual e menos comercial -- ams, quem me conhecesse, sabe que amno teatrão comercial, no melhor estilo Broadway...
Falando em Broadway... Encontrei a Compact Blue -- O paraíso dos CDs de trilha de musical! Ainda bem, pensei que nunca mais encontraria! Putz! Depois conto todas as maravilahs que encontrei lá!!!! Mas, só comprei um. A razão me chamava à relaidade. Mas, depois compro mais -- Juro!

10.9.06

Sampa ou MPF III ou "Vou voltar..."

Desembarcando lá no Aeroporto Congonhas já me espantava com a lindeza-estranheza do céu cinza de organdi... São Paulo é assim mesmo! Um enorme gigante de concreto deitado sob o céu, olhando pra cima e esperando que pássaros de aço pousem sobre ele, ora saudando, ora acariciando-o e voltando ao voo. Malas no Hotel e pernas para que te quero. Andei o dia todo, de um lado pro outro, entre o encantamento do novo, a lembrança do antigo, a descoberta dos livros e discos e nada mais. São Paulo.
À noite fui ver A PEDRA DO REINO, teatralização de Antunes Filho para o romance de Ariano Suassuna. Uma maravilha. Apesar do cansaço de uma noite quae sem dormir e de um avião-lata-de-sardinha, consegui aproveitar, mas queria ver de novo. Quem sabe? Enfim. Foi espantoso, finalmente, ver no Sudeste-Maravilha o nosso Regional encenado. O ator que faz o Quaderna é genial. Ou a voz de todos é maravilhosa ou a acústica do teatro é incrível. Fico com a segunda, sem desconsiderar a primeira. Achava que ele não sustentava o timbre e o sotaque até o fim. O que? Ele "sustenta Quaderna" -- refraozinho de uma musia do final que esta colada na minha cabeça -- !!! Figurino lindo, tudo lindo. A baertura é genial O epos-rapsódico em cena. Lembro de Duilio, pois quase os 40 primeiros minutos é pura narração, com agumas intervenções. Às vezesenfraquece o ritmo, ou seria o meu cansaço. Mas, lembro dele e me sinto vingado-- Viva o teatro narrativo!!!! Famílias e sobrenomes conhecidos em cena: os Pessoas (Lugia? Vc por aqui?) e os Dantas (acenda o meu cigarro?)... fora os Quadernas: a mãe sempre entra em cena sobre o pai (parece a cena de Ludovina e José), cantando, cantando, lindo, um delírio. Destaco também as cenas de coro e a cena da boiada... depois conto como é.
Segundo dia. 25 de março. A loucura total. Tem de tudo ali. Uma maravilha de preços. Massa. À noite vou ao teatro, depois de passar na FNAC da Paulista -- não vou nem comentar! -- Este é o dia do Grupo Folias. De ultima hora, encontro na programção a peça EL DIA QUE ME QUIERAS. Maravilha. Peça argentina, acho. 135 min. de duração. melodrama-comédia. Genial. Musica ao vivo, atores que cantam -- vcs sabem que eu adoro. A história de uma familia classe mnedia decadente que tem o cotidiano modificado com a chegada de Carlos Gardel. Uma das irmas esta para ir à Russia sovietica com o namorado pretenso comunista que é devoto do camarada Stalin. Uma confusão total. Maravilha. Destaque para o uso do Galpão do Folias. Por que a gente em Jampa não sabe usar espaços alternativos? Eu quero um dauquele igulazinho. A porta abre pra rua e uma série de ações acontecem no meio da rua e a gente aproveita do recurso cenico e, ainda, ve a reação dos passantes. Tudo! Maravilha! A cena mais genial é descrição d eum suicidio em que a enfermeira pula da pilha d elivros formada pelos Les miserables, em dois tomos, a Biblia, O crime do Pe. Amaro e sei lá mais quantos e suicida. Ela se suicida de cima do melodrama do seculo XIX. Que massa! Os atores, todos incríveis. Um monte de gente de Jampa gostaria, mas lembrei muito de Giovanni. Ai, gente, a gente, de repente, ve que teatro, mesmo o mais despojado de virtuosismo -- que estavam lá -- em atores perfeitos -- é uma coisa que a gente ainda não aprendeu de todo!
Hj. O fantasma da ópera, no teatro Abril. Ui!
ps (para quem entende): Todos e todas! Esta cidade é qualquer coisa... depois conto!