27.12.06

Eu quero e espero: juro!

Quando o carnaval chegar
Chico Buarque/1972


Quem me vê sempre parado, distante
Garante que eu não sei sambar
Tou me guardando pra quando o carnaval chegar
Eu tô só vendo, sabendo, sentindo, escutando
E não posso falar
Tou me guardando pra quando o carnaval chegar
Eu vejo as pernas de louça da moça que passa e não posso pegar
Tou me guardando pra quando o carnaval chegar
Há quanto tempo desejo seu beijo
Molhado de maracujá
Tou me guardando pra quando o carnaval chegar
E quem me ofende, humilhando, pisando, pensando
Que eu vou aturar
Tou me guardando pra quando o carnaval chegar
E quem me vê apanhando da vida duvida que eu vá revidar
Tou me guardando pra quando o carnaval chegar
Eu vejo a barra do dia surgindo, pedindo pra gente cantar
Tou me guardando pra quando o carnaval chegar
Eu tenho tanta alegria, adiada, abafada, quem dera gritar
Tou me guardando pra quando o carnaval chegar

18.12.06

emoções - apesar de parecer título de musica de Roberto Carlos - mas, não o sendo -- como falar disso?

como falar daquilo que se sente? como comunicar aos outros, talvez, o incomunicável? como? -- hoje, boa parte do dia pensei sobre isso... pensei do quanto vou me apaixonando pelo teatro, pela magia do 'acontecer', pela magia do 'faça-se', pela magia do figurino, da maquiagem posta na cara, da fala na boca do ator, do sorriso no rosto, da felicidade incontrolável... como falar disso? --- como falar das 'horinhas de descuido' que, sem querer, a gente acaba esbarrando?
Ontem estreou em Campian Grande o espetáculo 'Auto do Menino Jesus', comtexto meu e direçao impecável de Duílio Cunha. Não vou falar muito sobre isso ainda. Aliás, falar para quem? -- Quem frequenta estas praias? Quem frequenta viu e, já que não se comunica a emoçaõ, só resta dizer que vocês perdem... vocês. isso. vocês mesmos! todos aqueles que não estão lendo ou indo nas carreiras pra Campina.
-- Além disso: o café. o silêncio. a pousada. o silêncio. o marinheiro. o silêncio. o incomunicável. o escritor que escreve, em silêncio, o script de si mesmo. o personagem que, às vezes, se esquece de entrar em cena. ou, impercep´tível, percebe-se no palco, com toda a parafernália, ainda, no camarim...

11.12.06

abandono

é. foi isso mesmo. abandonei este espaço por quase um mês. a vida se impôs. avida, sempre ela. a correria diária. os fazeres e os afazeres. o cotidiano sem graça. a busca pelo que não se sabe o que é. a busca pelo que se sabe o que é. os desejos, os cotidianos. o sentar-se no café e lembrar da atriz -- lembrar da noite de ano novo, da cigarreira, da frase [mad about the boy] -- e voltar pro café e contentar-se de contente e fazer o jogo do contente e esperar o dia de amanha, o novo dia que nasce, para além do horizonte... onde, talvez, exista um lugar...
tô cansadão. vejo a vida passando. vejo o tempo correndo e escorrendo pelas minhas mãos. vejo tudo indo, enquanto fica, apenas, a imagem, a visão, a poeira da rodagem. mais um ano passou e eu, pobre espectador, tenho a impressão de só ter vivido. de ter acumulado mais poeira sobre os ombros, acumulado acúmulos. enfim... eu volto.
Eu juro!